Retome seu poder sobre as palavras
- Fê Pier
- 4 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Escrever é levar amor pro mundo.
É fazer com que as palavras embarquem em uma aventura que vai ser diferente a cada pessoa que abre uma história e começa a se deliciar.
É inundar o mundo com a sua mais profunda essência, desnudar-se das amarras sociais e se mostrar como você é, e só.
Cada pessoa tem uma relação muito própria com as palavras que escolhe pra caminhar junto com ela. No meu caso são o meu delírio e, ao mesmo tempo, minha redenção. São minhas verdades e tudo que um dia eu já quis esconder. São minhas filhas que um dia, quem sabe, ganharão o mundo e me encherão de orgulho de tê-las visto nascer.
Com o passar dos anos fui me tornando (ou me reconhecendo) um ser humano cada vez mais complexo. Tomada pela consciência de mim mesma e do mundo e acometida por uma ansiedade que raramente me abandona, as palavras me afagam a alma.
Escrevendo eu tenho meu sossego, tenho minha paz, minha casa.
E nesse pequeno texto eu convido você a fazer das palavras a sua casa também!
As palavras faladas voam, se perdem nos devaneios de uma mente que nem sempre consegue expressar o que pensava de fato. As palavras no papel (mesmo que o papel seja virtual) ressoam, devolvem a quem as coloca no mundo a responsabilidade sobre elas e, por isso, se revestem de verdade e transparência.
Quem escreve um texto o lê e, antes de passá-lo adiante, inconscientemente repensa e reflete sobre aquilo que propôs nas linhas não mais desnudas.
As palavras vestem as linhas com a roupa de quem as escreve. Curtas, cinzas, prolixas ou coloridas, refletem a alma do seu estilista. Nas roupas do papel não há impulso, não há desmedida. Tudo que ali está foi pensado e isso é assustadoramente genial.
Dá pra saber muito sobre alguém pelas coisas que ela escolhe escrever.
É difícil refletir sobre algo na hora de falar. As palavras faladas saem como um vômito quase impossível de conter. E depois de faladas pode-se até refletir sobre elas, mas o estrago, de verdade, já foi feito.
Escrever nos dá a chance de conter esses impulsos, especialmente em relação às coisas que não devemos dizer. Um comentário negativo, uma crítica que ninguém pediu, um julgamento sobre alguém. Nada disso precisa ser dito então, pra começar, se não dá pra conter o impulso de não dizer, pelo menos, não escreva.
Tem uma frase de autoria desconhecida da qual eu gosto muito que diz o seguinte: “Se você não tem algo de bom a dizer, não diga nada.”
Partindo desse princípio, já que é mais difícil não dizer o que se pensa - em razão da rapidez com que o ímpeto de falar se manifesta - comece aos poucos refletindo sobre o que você escreve (e também escrevendo sobre o que você reflete, por que não?).
Refletir sobre o que se pensa, fala e escreve é um esforço diário e um aprendizado infinito, e o nível de dificuldade aumenta na ordem inversa a esta que eu propus. Refletir sobre o que se escreve é mais fácil do que sobre o que se fala que, por sua vez, é mais fácil do que refletir sobre o que se pensa. Esse último, só no nível Buda Hard Advanced, com muito amor no coração e um pouco de sorte pelo caminho.
Não precisa buscar a perfeição nas palavras e pensamentos. Tá tudo bem, estamos aqui para aprender sobre nós e sobre o mundo. Mas eu te garanto que com o tempo vai ficando mais intuitivo, mais cotidiano mesmo esse ato de medir as palavras e, por isso, fica mais fácil. Com isso o seu mundo fica mais leve porque ele reflete o que você tá espalhando por aí!
No fim das contas eu já ouvi muita gente dizer que as palavras têm poder e é a mais pura verdade. Mas o que falta ser dito é que nós temos o poder sobre elas.

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