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People's Person

  • Foto do escritor: Fê Pier
    Fê Pier
  • 30 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de mar. de 2022

Existe essa expressão em inglês que diz que alguém é uma "dog's person" quando é muito fã de cachorros ou quando gosta mais deles do que de outros bichos ou até de pessoas.


Pois bem, eu amo cachorros incondicionalmente e eles raramente me decepcionam. As pessoas, por outro lado, muitas vezes fazem coisas que não são dignas da palavra "humano" que carregam depois do "ser" que lhes foi dado mas, ainda assim, acho que posso dizer que sou uma "people's person".


Deixando de lado toda a negatividade e as notícias ruins que ouvimos todos os dias, as pessoas, intensas e complexas como são, simplesmente me encantam. E eu, por alguma razão cármica ou cósmica, me conecto com elas.


Seja pessoalmente ou pela internet, pessoas velhas ou novas (na minha vida porque ficar contando idade já tá super ultrapassado), parecidas comigo ou absolutamente diferentes, todas elas têm suas particularidades que são, na verdade, preciosidades aos meus olhos.


As pessoas à minha volta me intrigam, me instigam, me acolhem e me ensinam. Todos os dias. Eu gosto de observar o que elas fazem, o que elas falam, a forma como se comportam, seus argumentos e motivos ainda que nas conversas mais insignificantes, suas percepções delas mesmas e do mundo.


Gosto de perceber quem olha pra si com frequência e quem está mais preocupado em olhar para os outros. Fico me perguntando se aquelas pessoas que eu observo estão se divertindo intencionalmente, ou se estão ali no intuito de fugir de algo mais profundo em suas próprias rotinas. Me pergunto, inclusive, se elas tem consciência disso.


Sou apegada aos detalhes: um tique nervoso que demonstra tensão, uma forma de pensar no futuro que transparece a ansiedade, o sorriso que não aguenta ficar só nos lábios e contagia o semblante, o olhar de alguém que recebeu uma mensagem de um outro alguém, a empolgação de uma pessoa que está ouvindo uma música que gosta muito. Isso tudo pode acontecer nos 30 minutos de uma viagem de metrô, indo para o trabalho. Eu me encanto todos os dias.

Quando você para pra reparar as pessoas à sua volta, parece que o mundo inteiro se torna mais humano. Você percebe a gentileza de um gesto, o desespero de uma dor, a alegria contagiante, e tudo isso é tão bonito. Bem, pelo menos aos meus olhos, que veem a vida cor de rosa, é bonito.


Não sei se por causa desse sentimento de humanidade que essas reações sinceras causam, ou se talvez seja por admirar essas pessoas que transparecem seus sentimentos, por “menorezinhos” que sejam (os momentos ou as demonstrações). Só sei que admiro as pessoas que sentem. E eu fico lá, observando, e me conectando com elas, sem que elas saibam. Ou às vezes sabem, porque geralmente quando alguém me encanta e eu sinto essa conexão, eu falo.


A conexão pra mim, diferentemente do amor e do que pode pensar o senso comum, não precisa ser uma via de mão dupla. Ela parte de mim e cria em mim mesma o meu encanto, junto com uma sensação de felicidade e plenitude, de quem encontrou uma outra parte de si em alguém. Aquela sensação de que eu não estou sozinha nesse mundo de sentir muito (ufa!).


A minha conexão acontece e me proporciona sensações incríveis de ter conhecido ou de terem passado pelo meu caminho pessoas igualmente incríveis. Pessoas reais, complexas, interessantes, agregadoras. Cabe a mim ter a sensibilidade para saber apreciá-las e eu gosto de pensar que eu tenho.

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