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O quanto você está disposta a defender seu ponto de vista?

  • Foto do escritor: Fê Pier
    Fê Pier
  • 22 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de mar. de 2022

Nas últimas semanas as minhas sessões de terapia me revelaram um traço da minha personalidade que eu já conhecia mas não me aprofundava: a minha dificuldade de me colocar.


Não gosto da expressão "me impor", porque não é meu papel impor nada a ninguém, mas talvez só isso já seja um indicativo de problema, né? Vai saber!

Às vezes, pra algumas pessoas que me conhecem, isso pode soar como uma surpresa.

"Como assim você não sabe se colocar? Logo você, cheia de posicionamentos políticos, ideológicos, sociológicos. Você, que é "exageradamente" feminista, que fala o que você pensa, que é assertiva (quando não dizem grossa) e até militante chata."


Sim, eu tenho todos esses posicionamentos e exponho quase todos eles seja aqui nas redes sociais ou pessoalmente. Eu milito, debato, justifico e luto pelos direitos das minorias, pela credibilidade da ciência e do SUS, pela dignidade e pela humanidade que eu insisto em ver dentro de quase todos os seres. Essa Fernanda é facilmente identificável, é ela nessa foto aí. É a que quase todo mundo vê.

A Fernanda que as pessoas nem sempre veem é aquela que, apesar de defender com unhas e dentes os direitos e posicionamentos dos outros, no sentido macro, em relação ao mundo exterior; frequentemente não consegue defender a si mesma e se posicionar quanto ao que ela quer ou precisa.


Quando meu posicionamento diz respeito a algo meu, interno, profundo, sentido por mim, essa força me falta. Ou como diz um amigo querido, "me falta ódio".


Quando o posicionamento é sobre as minhas coisas, os meus direitos - não como mulher porque esse eu defendo - mas como eu mesma, com as minhas particularidades, desejos, sonhos, sentimentos, vontades e quereres, eu sou aquela pessoa boazinha que não gosta de desagradar as pessoas. Que se sente extremamente angustiada toda vez que precisa tomar uma decisão ou se colocar diante de uma situação que possa fazer a outra pessoa gostar menos de mim, ou até, deus me livre, me rejeitar.


Eu percebo isso até nas situações mais esdrúxulas, como falar pras minhas amigas que não estou podendo dividir uma conta igualmente, ou falar pra uma aluna que vou cobrar a aula que ela faltou sem avisar.


A ideia de colocar minha opinião diante das pessoas e a possibilidade disso fazer elas gostarem menos de mim, ou me acharem chata ou cricri demais, me causa arrepios. Mas só quando essas coisas são pra mim mesma. Como eu já disse, pra defender os direitos em geral, as minorias, as mulheres, os seres humanos ou qualquer coisa que não seja eu, não ligo para o que as pessoas vão pensar sobre mim.


Acho que isso tem relação com muitas coisas, desde crenças que eu ouvi a vida toda até situações difíceis que eu passei de rejeição. Sabe essas coisas que a gente ouve e parecem inofensivas, mas a gente internaliza e acaba acreditando?


Frases como “você tá querendo demais”, ou “você só pensa em você”, “você precisa ser menos exigente”, “ninguém gosta de mulher com personalidade forte”, “personalidade forte é sinônimo de grosseria”, “você é muito grossa” (quando me posicionei assertivamente), “você é muito difícil”.


Além das muitas vezes que eu tive que lidar com a rejeição nas relações amorosas, e das crenças que a gente ouve por aí, eu ainda sou a filha caçula em uma família de pessoas com personalidades fortes. Então, você já pode imaginar que eu era a última na fila do pão dos “quereres” enquanto estava crescendo.


Não existe, aqui, uma intenção de culpar ninguém ou cavar o passado para tirar a minha responsabilidade da questão. Esse texto é, ao contrário, pra me conscientizar dessa nuance da minha personalidade – além de ser pra mostrar que nem sempre o que conhecemos de alguém define essa pessoa – e, assim, me autorizar a ser diferente disso.


Como diz a minha terapeuta (maravilhosa, inclusive), para que eu possa me transformar, eu preciso me apropriar dessas nuances. Então, estou aqui me apropriando dessa Fernanda boazinha, que não gosta de desagradar as pessoas e que se sente angustiada quando precisa defender uma causa ou sentimento próprio.


Agradeço a essa Fernanda por todo o aprendizado que ela me trouxe e, por isso, me autorizo a transformá-la.


Aos poucos, sem nenhuma explosão ou mudança drástica, eu me percebo e compreendo que preciso me defender com todo afinco com que eu defendo as causas que acredito. Eu entendo que me colocar e estabelecer limites é mais uma forma de cuidar de mim mesma.


Com amor,

De Fê pra Fê, e para quem mais servir esse manifesto.


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