Não compare. Repare.
- Fê Pier
- 4 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Tenho pensado muito sobre comparação. Principalmente em como a comparação pode estar por trás das emoções de frequências vibratórias mais baixas que não nos fazem bem. Ciúmes, inveja, baixa autoestima, medo, frustração e até ansiedade e depressão podem ter origem em uma comparação com os outros. Às vezes, nem nos damos conta disso.
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Nessa nossa era da adoração à auto imagem, da selfie, dos likes como auto afirmação e infinitos biscoitos virtuais que não matam a nossa fome de pertencer, não se comparar aos outros é, de fato, quase impossível. A grama - sintética - do vizinho é sempre mais verde, o problema é que ela não é real. Mas não foi no mundo virtual que esse problema começou.
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Nós somos programados socialmente para nos comparar aos outros desde crianças. Se o seu irmão faz um esporte, você tem que fazer também. Se ele é bom na escola, você tem que ser também. Isso passa a integrar nosso subconsciente até que nós mesmos fazemos as comparações: “ah mãe, mas fulaninho vai”.
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Conforme vamos crescendo, as comparações vão se tornando mais complexas. Sempre vai ter alguém que passou de primeira na prova do DETRAN, ou que nem estudou e passou na OAB. Concurseiros, então, já conhecem os casos dos pródigos de toda família que passaram no concurso sem precisar ficar anos "só estudando".
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Esse tipo de pensamento é extremamente tóxico. A comparação faz mal. Cria em nós uma sensação de insuficiência, de que nunca somos ou seremos bons o bastante em algo. Sempre vai ter alguém melhor.
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Veja bem, eu não estou aqui pra apontar dedos e culpar pais ou parentes por isso. Isso faz parte de uma (ou algumas) geração (gerações) de uma sociedade que ainda está em evolução. E tá tudo bem, não é culpa de ninguém.
Mas nós, crescidos, precisamos nos livrar dessa sensação de culpa, de não pertencimento, de inadequação à coisas que nem nos propomos a nos adequar. Fomos encaixados ali. Retirados da nossa essência e individualidade e colocados na caixinha do que é igual pra todo mundo.
E é isso mesmo, maior clichezão, mas a gente precisa sair dessa caixa.
Precisamos de autoconhecimento para nos reconectar com a nossa própria essência. E um dos caminhos é parar de se comparar.
Então eu te faço uma proposta: Faça um exercício. Toda vez que se sentir olhando pra algo ou alguém pensando nas diferenças entre a sua vida e a do outro, pare e reflita.
Tente identificar de onde vem essa sensação de inferioridade em relação a aquela situação. Algumas vezes a própria comparação nem vem da sua essência, é social. As vezes, você nem gostaria de estar na posição do outro, mas foi programado pra pensar assim. Seja pra ter reconhecimento, status, respeito, as vezes até pra suprir uma carência de afeto.
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Presta atenção em você, busca a raiz dos seus sentimentos. Depois, lembre-se das coisas que você tem pelas quais você é grato. Reprograme sua mente pra aceitar e abraçar o que é seu, sem precisar olhar pro outro. É ela que está a serviço da sua alma, e não o contrário.
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Em alguns momentos vai ser mais difícil, você não vai conseguir. E tudo bem. Aceite isso também. Uma das coisas mais legais que o budismo fala é justamente que não se busca a iluminação através da perfeição. Se fossemos perfeitos não precisaríamos mais reencarnar e passar por essa vivência no corpo físico em busca da evolução. O que deve se buscar, ao contrário, é olhar os nossos defeitos, enxergá-los, acolhê-los, mas não se apegar a eles.
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Faça esse exercício várias vezes. Pratique.
Com o tempo, a comparação vai diminuir e você vai aprender a valorizar a sua jornada, a sua essência, os seus erros e seus conhecimentos.
Com o tempo você vai aprender a valorizar você mesmo, e entender o porquê de estar aqui, agora, e de ter as alegrias e os desafios que você tem.
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Estamos todos neste processo.

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