Geração Pipoca
- Fê Pier
- 1 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Alguém aí já parou pra pensar no quanto usamos a química na cozinha? Aquela, mesma que estudamos no colégio e achávamos que nunca mais íamos ouvir falar na vida. Pois bem, ela está muito presente no momento em que cozinhamos os alimentos. E um dos exemplos mais fantásticos disso é a pipoca!
Todo mundo adora pipoca, isso é um fato! Mas você já parou pra refletir que aquele negocinho amarelo e duro, sem cheiro nem gosto, quando colocado na panela só precisa de um pouquinho de óleo pra dar liga e calor, e se transforma naquela coisa fofa, enorme e maravilhosa que é a pipoca?
E nas minhas comparações malucas entre as pessoas e a comida, fiquei pensando nessa transformação da pipoca e em como ela pode ser comparada com a química que algumas pessoas insistem em usar para transformarem seus corpos. O processo é relativamente fácil, mas os resultados, no caso das pessoas, infelizmente não são nada legais.
Sem contar que os motivos que levam as pessoas a quererem “expandir” seus corpos exageradamente, normalmente, são bem superficiais por culpa do padrão de beleza da sociedade. Seja por falta de autoestima, por pressão social, por problemas psicológicos, pela vontade de fazer parte da turma pela vontade de fazer o que tá na moda, muita gente acaba sucumbindo e enchendo seus corpos de veneno.
Não preciso nem falar o quanto essa onda fit, fitness, wellness, saudável, obsessiva compulsiva está na moda, né? As redes sociais estão aí pra jogar na nossa cara todos os dias que não fazemos parte do padrão que agora é o "pugliesicamente" correto.
Nada contra ser saudável, é até muito legal todo esse movimento em prol da boa alimentação, mas cara, minha vó sempre me disse que tudo que é exagerado, faz mal. E eu acredito nela.
Pra que submeter seu corpo, tão lindo e natural, a proteínas isoladas que, diga-se de passagem, não são nada naturais. Desculpem-me se estou errada, mas pra mim natural é arroz e feijão, frutas, legumes e verduras, comida de verdade mesmo. Já não basta o isolamento social agora até a pobre da proteína tem que ficar isolada?
E quando eu disse lá em cima que sobre os químicos eu não me referi só à "bomba" não, mas a todos esses “alimentos” que vão fazer sua massa (magra) aumentar mais rapidamente, ou que magicamente com um shake milagroso substituem uma refeição completa. E ainda querem te convencem por A + B que ali tem todas as vitaminas que você precisa para se alimentar.
O grande problema é que, em um balde de pipoca, dentre as muitas que sofreram a expansão e mutação química, poucas mantém o milho em seu interior conservando, em parte, a sua estrutura inicial. Isso também acontece com as pessoas que, muitas vezes, perdem completamente a forma que tinham antes e acabam perdendo, também, a sua essência.
Querer ser uma pipoca grandona é uma coisa. Agora não saber o porquê você quer ser, ou ser só porque tá na moda ou por achar que assim os outros vão te achar bonito, aí não é legal. Se você perder a sua essência de nada vai adiantar se tornar uma “pipoca” grande e gostosa, mas vazia por dentro. Pra pipoca (comida) isso é ótimo. Para as pessoas, nem tanto.
Temos que levar em conta que o conteúdo é o mais importante, afinal sem o milho, não existe a pipoca. Pode deixar o óleo lá no fogo eternamente, mas cuidado, porque vai queimar. No final, seu objetivo não vai ter sido atingido e você ainda vai ter que comprar uma panela nova.
Resumindo: Não tem problema nenhum em querer se transformar numa pipoca grande e volumosa, desde que pelos motivos certos.
Só não podemos, jamais, perder o bem mais importante que temos como seres humanos, aquele que é responsável pelas nossas decisões, pelos nossos sentimentos, pelo que produzimos intelectualmente, a nossa essência mais valiosa: o milho.
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