E se as comidas falassem...
- Fê Pier
- 1 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Eu acredito em energia, e se você não acredita e não gosta dessas coisas sugiro que pule esse texto.
Já aviso, desde logo, que não existe qualquer embasamento científico, pesquisa empírica ou estudos que demonstrem o que eu pretendo dizer aqui. Toda essa reflexão não foi baseada ou fundamentada em absolutamente nenhuma metodologia a não ser a minha livre criatividade.
Uma vez um sábio homem disse que "há meros devaneios tolos a me torturar", e pra que eles parem com a tortura e me deixem dormir eu escrevo e, assim, liberto os pobrezinhos dessa minha cabeça que vive no mundo da lua.
Na minha (humilde) opinião, a comida passa energia. Então se ela foi feita de uma forma estressante ou num ambiente hostil, ela vai absorver essas características e transmitir pra quem comê-la. Mesmo que o gosto esteja bom, não tem como aquilo fazer bem pra alma. Nosso paladar se engana, nosso estômago, não.
Tenho uma teoria de que o estômago é a boca da nossa alma. Se algo estiver errado, ele será o primeiro a se manifestar. Não é a toa que muitos sintomas de angústia e ansiedade são percebidos nessa parte do nosso corpo físico.
No mais, acho que é nossa obrigação (sua com você mesmo) prestar mais atenção nos sinais que o nosso corpo nos envia. Ele fala mais do que a gente consegue entender. Mas isso é assunto pra um outro dia.
(Pausa para imaginar a cena de pessoas falando com suas barriguinhas, só pra saber se tá tudo suave no mundo astral!)
Fico assistindo - o dia todo - a uns programas de culinária na TV e fico pasma com alguns pratos belíssimos pensando "será que aquilo tá bom mesmo?". Um exemplo: Hell's Kitchen.
Data máxima vênia* (peraí, advogada, dá licença aqui um minutinho) ao renomadíssimo Chef Gordon Ramsey, não tem como aquela comida estar incrível com toda a grosseria e os xingamentos que se passam naquela cozinha.
Como eu disse, o sabor pode até estar bom, mas ela não vai transcender o físico e fazer seu espírito se elevar e sua alma flutuar tranquilamente num céu de algodão. A comida vai ser aquilo ali, gostosa, saborosa, beleza. Vai matar a fome, e só. Um fim em si mesma (acho que alguém já usou essa frase). E pra mim, comida é (ou deveria ser) mais que isso.
Cozinhar é um dom, uma dádiva, e não deveria nunca ser feito às pressas, sob pressão, muito menos sob forte ameaça. Isso deveria dar cadeia, ou pelo menos uma indenização por danos morais. Já pensou? Tá bom vai, talvez só uma indigestão mesmo.
No final das contas eu sei que nem todos pensam como eu, e que quase todo restaurante renomado é um caos dentro da cozinha (razão pela qual, inclusive, eu não me inscrevi no Masterchef nem quis correr atrás dessa paixão profissionalmente).
Portanto, espero que eu esteja errada, e que a comida possa sim nos proporcionar emoções e sensações maravilhosas ainda que seja a causa de uma depressão profunda em quem a cozinhou. Vou continuar promovendo minha própria pesquisa de campo a respeito desse assunto. Quem quiser contribuir com ela me convidando pra jantar, aceito de bom grado. Tudo em nome da pesquisa, claro!
Ainda assim, se a comida falasse com a gente, o que eu gostaria que ela me dissesse assim que a visse pela primeira vez, quando retirassem a cloche, seria: "Namastê! ("O Deus que habita o meu interior reconhece o Deus que habita em você").
* Data máxima vênia é uma expressão em latim muito usada no mundo jurídico quando você quer discordar de alguém importante. Significa "com o máximo respeito".
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